Panorama do COVID-19 no Brasil: os impactos da vacinação
A vacinação é realmente capaz de frear a pandemia de COVID-19? Analisamos os dados do OWID para obter essa resposta.


COVID-19 é uma doença infecciosa causada por uma variante recém-descoberta do coronavírus, denominado Sars-Cov-2.
Transmitido principalmente por meio de gotículas provenientes de tosses ou espirros de pessoas infectadas, a gravidade dos sintomas varia muito de pessoa para pessoa.
Fato é, não se sabe muita coisa a respeito do COVID-19. Estudos estão sendo realizados no mundo todo, porém os resultados ainda não são conclusivos e definitivos.
Até o presente momento, observa-se que cerca de 80% dos casos confirmados são assintomáticos e rápidos. A maioria das pessoas que se encaixam nesse grupo, se recupera sem nenhuma sequela.
No entanto, 15% das pessoas terão infecções graves e precisarão de oxigênio. O restante das pessoas, que representam 5%, serão classificadas como infecções muito graves e precisarão de ventilação assistida, por meio de respiradores mecânicos em ambiente hospitalar.
Esse risco é ainda maior em se tratando da população idosa. Idosos, naturalmente, são mais suscetíveis a doenças infectocontagiosas, uma vez que o sistema imunológico enfraquece com a idade, favorecendo a manifestação de casos mais graves nessa população.
Pandemia
Após mais de 1 ano de decretada pandemia de COVID-19, em março de 2020, além das medidas recomendadas pela OMS - distanciamento social, higienização das mãos e uso de máscara - a esperança se concentra na vacinação em massa da população para que a vida volte ao normal.
Objetivos

O objetivo dessa análise é obter um panorama da pandemia de COVID-19, no Brasil e no mundo, utilizando os dados públicos da doença disponibilizados pelo Our World In Data (OWID) - um projeto da Global Change Data Lab, uma organização sem fins lucrativos baseada no Reino Unido.
Objetivos específicos
Esperamos obter respostas aos seguintes questionamentos:
- Como se deu a evolução da pandemia no Brasil e no mundo?
- Houve redução no número de novas mortes com o avanço da vacinação?
- Quando foi registrada a primeira morte no Brasil?
- Quantos dias demorou para registrarmos a primeira morte, considerando o primeiro caso de COVID-19 registrado no país?
- Como se deu a evolução de casos da doença no país?
Evolução do COVID-19
Toda nossa análise considerará como data limite: 16 de agosto de 2021, podemos perceber um crescimento exponencial na quantidade de casos de COVID-19 no mundo conforme mostra a figura 1:

Se detalharmos melhor como fica a distribuição de casos e mortes por continente vemos que o continente Asiático é o que possui maior número de casos, Figura 2, no entanto, o continente Europeu é o que possui maior número de mortes, Figura 3.


Como o COVID-19 é uma doença infectocontagiosa e que se manifesta de maneira mais grave na população idosa, nossa hipótese inicial é que o continente Europeu possui mais habitantes nessa condição, Figura 4, justificando a presença do continente nessa posição.

Apesar de impreciso (pois utilizamos a média da população idosa dos países que compõem o continente) podemos ver que há uma disparidade entre o percentual da população Idosa no continente Europeu em relação aos demais continentes, essa característica é um forte indício que confirma nossa hipótese que justifica o maior número de mortes nesse continente.
Países com maior número de casos e mortes no mundo
Agora que temos uma ideia geral da pandemia no mundo, montamos um ranking com os 5 países que mais registraram casos e mortes, nossa lista é composta de: nome do país, total de casos/mortes e percentual de casos/mortes em relação a população total
Em total de casos
- Estados Unidos - 36.888.952 - 11,15% da população total
- Índia - 32.250.679 - 2,34%
- Brasil - 20.378.570 - 9,59%
- França - 6.556.496 - 9,70%
- Rússia - 6.531.585 - 4,48%
Em total de mortes
- Estados Unidos - 622.321 - 0,19% da população total
- Brasil - 569.492 - 0,27%
- Índia - 432.079 - 0,03%
- México - 248.652 - 0,19%
- Peru - 197.393 - 0,60%
Notamos que o Brasil figura entre os 3 países com maior número absoluto de casos confirmados(20.378.570 - 9,59% da população), atrás apenas de Estados Unidos(36.888.952 - 11,15% da população) e Índia(32.250.679 - 2,34% da população).
Em se tratando do número absoluto de mortes, o Brasil encontra-se em segundo lugar (569.492 - 0,27% da população total), atrás apenas dos Estados Unidos (622.321 - 0,19% da população total) e seguido da Índia (432.079 - 0,03% da população total).
Os impactos da vacinação
As vacinas para COVID-19 são efetivas e uma ferramenta importante para controle da pandemia. No entanto, nenhuma vacina é 100% eficaz para prevenir pessoas de contrairem a doença, existe uma pequena porcentagem de pessoas totalmente vacinadas que ainda ficam doentes (OPAS, 2021).
Portanto o objetivo central da vacinação em massa é a redução no número de casos graves e óbitos e, consequentemente, o controle da pandemia.
Na Figura 5, podemos perceber como o avanço da vacinação impactou no número de novos casos e novas mortes no mundo. Consideraremos o número absoluto de pessoas vacinadas (com 1 ou todas as doses previstas).

Vale lembrar que cada país tem seu ritmo de vacinação e disponibilidade de vacinas, ou seja, o cenário mundial pode não se repetir quando analisamos os países isoladamente.
Vemos acima que o avanço da vacinação pode ter contribuído para a redução do número de novas mortes ao longo tempo, no entanto, quando comparamos com o número de novos casos, Figura 6, não temos o mesmo resultado:

Notamos pelo gráfico acima uma oscilação na quantidade de novos casos com picos e vales cada 2 meses aproximadamente. Esse comportamento se repete, independente do avanço da vacinação. No entanto, a partir de Janeiro de 2021 a tendência de novos casos está praticamente constante.
Diversos fatores podem contribuir para esse cenário, por exemplo, adoção de medidas mais restritivas, ou o aumento da confiança da população já vacinada podem ter consequências no aparecimento de novos casos.
O Cenário na América do Sul
A Figura 7, mostra como o total de novos casos e novas mortes estão distribuídos entre os países da América do Sul.
Esses dados nos revelam que o Brasil possui mais casos e mortes por COVID-19 do que todos os países da América do Sul juntos. Num primeiro momento esses números assustam quando vistos isoladamente. No entanto vale destacar que a população total do país representa quase 50% da população total do continente.

Portanto, quando utilizamos a população do país em relação a população do continente como referência, vemos que os números de casos/mortes por COVID-19, ainda que elevados, são proporcionais à representatividade populacional do Brasil na América do Sul.
A COVID-19 no Brasil
O primeiro caso de COVID-19 registrado no Brasil foi em 26/02/2020, já a primeira morte em 17/03/2020, 20 dias após o primeiro caso, nesta data o país contabilizava 321 casos confirmados.
Podemos ver pela Figura 8, como a evolução de casos e mortes ocorreu no país, notamos uma grande diferença entre o número absoluto de casos e mortes. Isso evidencia a proporção entre casos leves e fatais da doença.

Ajustando a escala do gráfico, Figura 9, é possível visualizar melhor a evolução dos números de casos e mortes ao longo do tempo. Ainda que haja uma diferença significativa entre total de casos e mortes, percebemos que a evolução desses dois indicadores deu-se de maneira similar.

Esse comportamento é esperado uma vez que o número total de mortes está diretamente relacionado com o número total de casos.
Os impactos da Vacinação
Percebemos que o Brasil possui números expressivos no total de casos e mortes por COVID-19. Mas será que o avanço da vacinação no país tem contribuído para a melhora desse cenário? A Figura 10 mostra como foi a evolução de novos casos no país com relação à vacinação. Lembrando que o início da vacinação no Brasil se deu em 17/01/2021.

Podemos perceber algumas características interessantes sobre a vacinação no país e que merecem destaque:
Notamos momentos sem dados, provavelmente causados pelas pausas por falta de vacina ou períodos em que não houve registro.
Também percebemos uma redução expressiva no número de novas mortes à medida que a vacinação avança, demonstrando a eficácia da vacinação em massa contra a pandemia.

Diferente do que ocorre em âmbito mundial, notamos uma tendência de queda no número de novos casos no cenário nacional, Figura 11, porém vale destacar que a proporção dos testes pode não refletir o cenário real.
Temos visto também que alguns dias não há divulgação de novos casos ainda que eles existam, essa situação pode ser vista no gráfico através dos períodos em que não há registro de novos casos.
Mas, no geral, podemos ver que a vacinação tem impactado diretamente o número de novos casos, contribuindo para sua diminuição ao longo do tempo.
Conclusão
Fizemos uma análise superficial dos dados relativos à Pandemia de COVID-19 e disponibilizados pela Our World In Data de modo a obter um panorama da doença no Brasil e no Mundo e, principalmente, quais os impactos da vacinação no controle da pandemia.
No cenário mundial, notamos uma melhora na quantidade de novas mortes, principalmente à medida que a vacinação avança, no entanto, o mesmo não se repete quando o assunto são novos casos, para esses notamos que há uma certa estabilidade, ou seja, nem melhor, nem pior.
Esses dados nos revelam ainda que o Brasil é um dos países que mais apresenta casos e mortes por COVID-19 no mundo, no entanto, diferente do cenário mundial, notamos sinais de redução no número de casos e mortes com o avanço da vacinação, mostrando que essa têm sido uma medida eficaz no controle da pandemia no país.
Existem muitos fatores envolvidos que podem influenciar a coleta e distribuição de dados referentes à pandemia, portanto as análises aqui realizadas não refletem a realidade em sua totalidade.
A análise completa você confere aqui: